quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Oporto

Não sei os seus nomes. Eram dois rapazes na faixa etária dos 20, com pele morena e muito simpáticos. Ou talvez fosse que naquela altura qualquer sorriso e gesto de boa vontade teria para mim uma dimensão maior. Diria que não eram espanhóis, mas sul-americanos. Um deles creio que teria outras orientações sexuais. Ficou todo contente quando lhe dei um boneco que me tinha sido oferecido no Happy Meal para que ele levasse ao seu sobrinho. Naquele período de tempo cuidaram de mim. Ajudavam-me a procurar casa na Internet, aconselhavam-me as zonas mais “guay” e ligavam às pessoas conhecidas para averiguarem se sabiam de algum piso. Ofereciam-me gomas e rebuçados. Sorriam e cumprimentavam-me sempre que eu entrava ou saía. Ajudavam-me a encontrar no mapa as ruas de que estava à procura e ensinavam-me algumas palavras em espanhol. Um dia bateram à porta indignados, prontos a arrombá-la, quando, ao inicio da manhã, não tinha respondido a duas tentativas. Ajudavam-me a carregar as malas, que pareciam a cada dia mais pesadas, enquanto chamavam os táxis. Sem eles, aqueles cinco dias teriam sido muito mais difíceis.

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