terça-feira, dezembro 15, 2009

Reescrever

Pois é... já lá vão mais de três meses que não escrevo uma palavra neste blog. Posso admitir que não foi por escassez de tempo, como acontecia há uns meses atrás, mas sim por falta de motivação/inspiração. Falta-me algo eu sei. Talvez um sitio, um espaço em casa ou fora dela que seja neutro, onde possa olhar para a rua e para as pessoas sem ter de explicar porque o estou a fazer. Talvez um emprego novo, que me faça libertar as linhas do cérebro que ficaram presas e me ajude a voltar a pensar. Vou procurar.

terça-feira, setembro 01, 2009

No outro lado da cidade

A cidade continua a ser inundada por centenas de pessoas a toda a hora;
embora agora não conheça nem uma ínfima parte.
A cidade continua a manter-se acordada para a vida nocturna;
embora agora tenha de estar concentrada 100% no trabalho todos os dias da semana.
A cidade continua a oferecer várias alternativas para sair de casa;
embora agora a conta bancária esteja bem menos recheada.

Voltei àquela cidade onde vivi seis meses,
mas agora para o lado que desconhecia.

quarta-feira, julho 15, 2009

Adorei os momentos de família no piso CBR: as picardias, as risotas, as conversas, os jantares, as parvoíces - obrigada Manel por existires e por me teres juntado àqueles dois marmanjos.
Adorei ter a casa Ibiza virada do avesso depois de mais uma festa, com sacos de lixo que nunca mais acabavam e umas manchas pretas coladas no chão - obrigada vecinos porque nunca se queixarem dos barulhos e dos cubos de gelo e cinzas atirados pela janela.
Adorei receber as visitas dos meus amigos e de amigos da sara que afinal de contas passaram a ser meus amigos também - obrigada por virem na altura certa.
Adorei os nomes que me foram atribuídos: fofinha, lenix, bichinha, limon, filhota, lééna, rosinhas, foca, lindinha - obrigada pelo "carinho".
Adorei as festas a que fui, as pessoas que conheci, os momentos que vivi - obrigada por me darem essa oportunidade.
Adorei aquele adorar que fica, que nos dá nostalgia e saudades, que nos prende às pessoas e aos sítios, que nos faz recordar de tudo e todos.

segunda-feira, julho 13, 2009

Colgando en tus manos - Carlos Baute y Marta Sanchez

"Quizá no fue coincidencia encontrarme contigo.
Tal vez esto lo hizo el destino.
Quiero dormirme de nuevo en tu pecho
y después me despierto en tus besos.

Tu sexto sentido aún sueña conmigo,
Sé que pronto estaremos unidos.
Esa sonrisa traviesa que vive conmigo,
Sé que pronto estaré en tu camino.

Sabes que estoy colgando en tus manos,
Así que no me dejes caer.
Sabes que estoy colgando en tus manos.

Te envío poemas de mi puño y letra.
Te envío canciones de cuatro cuarenta
Te envío las fotos cenando en Marbella
Y cuando estuvimos por Venezuela.
Y así me recuerdes y tengas presente
Que mi corazón está colgando en tus manos.
Cuidado, cuidado,que mi corazón esta colgando en tus manos.

No perderé la esperanza de hablar contigo,
no me importa que dice el destino,
quiero tener tu fragancia conmigo
y beberme de ti lo prohibido,

Sabes que estoy colgando en tus manos,
Así que no me dejes caer,
Sabes que estoy, colgando en tus manos.

Te envío poemas de mi puño y letra.
Te envío canciones de cuatro cuarenta
Te envío las fotos cenando en Marbella
Y cuando estuvimos por Venezuela.
Y así me recuerdes y tengas presente
Que mi corazón está colgando en tus manos.
Cuidado, cuidado,que mi corazón esta colgando en tus manos.

Cuidado, cuidado mucho cuidado, cuidado
Marta, yo te digo, me tienes en tus manos
No me importa que dice el destino,
Quédate conmigo
Lo quiero todo, verti tus lábios tu cariño no olvido;
Te envío poemas de mi puño y letra.
Te envío canciones de cuatro cuarenta
Te envío las fotos cenando en MarbellaY cuando estuvimos por Venezuela.
Y así me recuerdes y tengas presente
Que mi corazón está colgando en tus manos.
Cuidado, cuidado,que mi corazón esta colgando en tus manos.

quinta-feira, julho 09, 2009

O relógio marca o final dos seis meses.

Madrid inspirou-me, libertou-me dos meus fantasmas e deu-me uma nova cor. Foram seis meses intensos, contados por histórias inesquecíveis e outras tantas que desejarei não recordar. Vividos por pessoas importantes que fizeram com que hoje, amanhã e nos próximos dias sinta um aperto de pensamentos nostálgicos. Conheci locais que me farão para sempre recordar de momentos que aí vivi e descobri os sabores de novas bebidas e ressacas de mata-ratos.

Sinto-me cansada, a precisar de repôr energias (e provavelmente alguns órgãos), mas feliz!

sábado, junho 27, 2009

...
Hoje é daqueles dias que a comida não passa, que o álcool não escorrega, que o tabaco não entra;
Em que os pensamentos se atropelam na cabeça, chocam, voltam para o mesmo sítio e trocam de posição;
Em que a emoção luta com a razão, e a consciência com a inconsciência.
É daqueles dias que se tem tanto para fazer mas que não apetece fazer nada;
Em que o único pensamento que surge é sempre o mesmo;
Em que desejaríamos partir a cabeça nas paredes.
...

quarta-feira, junho 24, 2009

Ese piso de Ibiza

Uma porta blindada que raramente é trancada.
Um candeeiro à porta que se estragou da primeira vez que foi montado.
Aquecimento individual que nunca foi ligado.
Um frigorífico que resmunga cada vez que lhe tocam.
Três caixotes de reciclagem, apesar de se utilizar quase sempre um.
Uma casa de banho de senhores e outra de senhoras.
Uma lista de dicas para emagrecer colado na parede.
Um cronograma, um relatório do hospital, frases míticas, postais, cartazes, rede do metro.
Um sofá com muitas histórias para contar.
Um mega plasma.
Um livro de visitas sem tinta.
Sempre a mesma toalha de mesa.
Velas e candeeiros.
Um cachimbo de água.
Uma varanda que costuma ser o refúgio de muitos convidados.
Estrelas, recados e fotos.
Luzes ambiente que promovem o ambiente chill out.
Quadros debaixo da cama.
Cerelac escondida no armário.
Peças de decoração da avozinha desaparecidas.
Roupa e sapatos espalhados pela varanda.
Garrafas de bebida.
Pó e cotão.

segunda-feira, junho 01, 2009

Branco no branco

"Branco no branco. Não se distingue, se mistura. Não se conhecem os limites, não se conhecem os contornos. Branco no branco é branco e não há outra interpretação a fazer. É branco o papel sem tinta. É branco o gelo que anseia por ser água. É branco o puro e o transparente. É branco a ausência de cores e o contrário de negro. É branca a lua onde borbulham desejos. É branca a luz que aclara a visão. São brancas as asas dos anjos suspensas. São brancas as nuvens que borrifam água. É branco o ontem, o hoje e o amanhã."
.
Num dia difícil, depois de uma noite em "grande", e num dos museus espalhados por Madrid, vi um quadro que se intitulava de "Branco no branco" que me retrata agora e me deu inspiração para teclar umas letras.

domingo, maio 24, 2009

"Peco pelo que não vivi.
Recordo o que não fiz.
Vejo o que não é visível.
Acordo a pensar naquilo que não existe.
Castigo quem não merece."

É um mundo inventado, perdido na imaginação e escondido pela experiência de vida.

quinta-feira, maio 21, 2009

Estou na varanda da minha casa, abafada por uma noite quente e escura. Ouvem-se os carros ao longe e diálogos de pessoas que passam na rua. De repente sinto uma picada no coração. Foi um bicho...o bicho da saudade. Saudades das picardias, dos abraços, dos desabafos, das cafezadas e jantaradas, das cusquices, das histórias, da alegria, das bebedeiras, dos conselhos. De tudo e de todos.

terça-feira, maio 12, 2009

Milano

Fazer uma surpresa às minhas Lebasi, viagem super barata, conhecer Milão e viajar. Estas foram as razões que me levaram a voar até Milão no passado fim de semana.

"Milão continua com aquele cheiro moribundo de uma cidade abafada, onde o vento não sopra, onde as pessoas não dormem, onde os metros e eléctricos não respiram… uma cidade movida de uma energia positiva imensa que, apesar da agitação, nos transmite uma brutal sensação de paz e tranquilidade..." - by Ana Lebasi

De destacar: o ranger de dentes, o portão de casa a abrir-se depois de termos perdido as esperanças, a italiana que vomitou o taxi e o taxista a ameaçá-la de porrada, o barulho que os italianos fazem em qualquer lado onde estejam, as gajas vestidas de hospedeiras de bordo que pediam dinheiro para a despedida de solteira, o taxista que nos avisou que a pé só chegaríamos ao destino no dia seguinte de manhã, a bebedeira do pessoal de erasmus, o carro da música, as caipirinhas a 4€, os imensos holas, os 6.10€ de bandeirada dos táxis, o aperitivo no barco que se mexia, o atropelamento da aninhas, o calor insuportável na discoteca e a dificuldade em pedir bebidas, o pólen no ar, os telemóveis sem dinheiro, os cães nos restaurantes, as coca colas quentes, o perigo dos pombos, as fotografias no Duomo. O Lorenzo, o Giácomo, a Lígia, o João, o Bart, a Alexandra, a Teresa.



quinta-feira, maio 07, 2009

Fiesta Hortera

Passados dois meses, aqui vão as fotos da nossa fesa hortera que acabou na famosa discoteca "Chocolate" em que o nome diz tudo...lol...senti que tinha voltado a casa!

Semana Santa Road Trip: Granada

Londres, Marrocos ou Tunisia. Depois de vários dias à procura de voos baratos, chegámos à conclusão que em altura das férias da Páscoa o melhor era mesmo ficar cá dentro. Juntámos um grupo de pessoas, e decidimos, após algumas reuniões e dezenas de emails diários, o destino de férias: Granada e Almuñecar! Alugámos um carro e fomos em direcção ao sul de Espanha.

Estivémos lá durante quatro dias e onde muitas histórias se passaram... a confusão da super tia de trol com trolley... a cuca que insistia em guardar miolos aos cantos da boca para comer ao lanche... a nossa aventura de horas pela serra nevada... a confusão da super tia do pequeno tibete pelo verdadeiro tibete, e a consequente confusão dos habitantes da serra do nosso carro da pepecar pelos apanhados da televisão... o restaurante marroquino que obrigava a que cada pessoa comesse um prato... as mamas enormes que as mulheres tinham... a queda da sara de um muro em alhambra que quase terminou no hospital (era simplesmente a perna dormente).. o estrangeiro a tentar-nos vender droga... o puto suicida...a boca à sara e à lena...

Aqui ficam algumas fotos.












quarta-feira, abril 29, 2009

Ao fim de mais de três meses em Madrid acho que sou capaz. Capaz de dizer o que penso, o que vejo, o que sinto da cidade.
Uma cidade escavada na serra, com um cheiro que ainda não consigo identificar bem, mas que será qualquer mistura de fritos com pó. Fritos que só os espanhóis são capazes de comer ao pequeno-almoço, recheados com chocolate ou outras especiarias a transbordar de glicose. Pó que entra pelo mais ínfimo buraco das casas, que se acumula atrás das portas e que se esconde por debaixo da cama.
Uma cidade que reúne milhares de pessoas vindas do outro canto do mundo: peruanos, mexicanos, argentinos, colombianos, bolivianos. Imigrantes que trabalham no Burguer King, que exercem as profissões de empregada de limpeza e que limpam as ruas. Imigrantes cujas feições não escondem as suas origens. Olhos rasgados, morenos e pequenos.
Uma cidade que vive uma vida que ainda não tinha experienciado. Uma vida de tapas, imperiais e diversão. Uma vida sempre a sorrir e confiante. De flamenco, reggaeton, salsa, merengue e pouca música estrangeira. De presunto, croquetes, tortilhas, queijo, ovos mexidos, sandes e lombo. (E fritos novamente.)
Uma cidade que caminha de metro por ruas rectas, sem subidas nem descidas. Sem buracos no chão nem calçada. Onde os polícias se vestem de civis, e os civis de policias (em discotecas principalmente).
Uma cidade cara que me deixa sempre sem trocos. Jantares a 20€, almoços a 10€, entradas em discotecas a 15€, bebidas a 10€, passe a 50€, renda da casa a 500€. Uma cidade pequena, limitada pela serra, que facilmente se visita num fim-de-semana (apesar de eu ainda não o ter descoberto na minha agenda).
Uma cidade que não tem barreiras à integração. Que se alegra por conhecer novas pessoas. Uma cidade que recebe sol, chuva e neve. Frio e calor.
Uma cidade que canta o hino à língua espanhola e ao patriotismo. Que estranha a voz real dos actores de cinema e que evita soltar uma palavra estrangeira.
Uma cidade que sobrevive sem violência. Sem facas, tiros ou violações. Que sobrevive de técnicas de roubo silencioso, sem vestigios.
Sim, acho que já sou capaz de dizer o que penso, o que vejo, o que sinto da cidade.

terça-feira, abril 14, 2009

Realeza por uma noite

Há um ano atrás nem queria acreditar que a minha mãe seria a rainha do baile da pinha... depois de muito rirmos punha-se a questão de quem ia fazer parte do reinado... confusões para aqui e para ali.... pessoas que não sabiam dançar... pessoas que não podiam estar presentes... por sorte ou azar vim trabalhar para Madrid, pertinho de Lisboa, e fui "escolhida" para aia... pela minha mãe fiz-lhe esse favor...

Fizémos um vestido (as cores não escolhidas por mim), organizámo-nos em pares, cozinhámos bolos e comprámos bebidas, estivémos no cabeleireiro quatro horas, tirámos fotos e quando as luzes se apagaram entrámos no salão e dançámos a valsa... pronto, o pior já tinha passado... do nosso trono tinhamos a melhor vista sobre o salão... dancei como à muitos anos não dançava...
Um dos pares... eu e o meu primo que sem treinar lá nos desenrascámos

A família real no trono

Eu e a minha pimpolha

sexta-feira, abril 03, 2009

Piso CBR

Vivo com pessoas despreziveis...
Uma usa tudo o que tenho no armário. Dorme na minha cama quando eu não estou. Nascem-lhe montes de borbulhões na cara de vez em quando. Diz "tAparuer" e "Jueves". Só pensa em fazer comida com caril, coisa que não gosto. Recusa-se a lavar a casa de banho. Bebe rum até cair. Só ouve música que faz doer a cabeça. Se digo algo que pode não estar bem põe-se aos berros "Ai filhaaaa". Quer sempre ir à casa de banho quando eu quero. Faz-me fazer figuras perante um chinês fotógrafo. Nunca fica bem nas fotografias. Fuma nem sei o quê. Anda sempre sem dinheiro no telemóvel. Só veste cinzentos e os all stars roxos. Não vê nada sem os óculos mas mesmo assim sai de casa sem eles....
Outro bate-me. Goza comigo. Quer saber tudo sobre a vida pessoal das pessoas. Come tudo o que há em casa sem o consentimento dos outros. Tem nojo de estender as nossas cuecas. Arrota à mesa. Não limpa a casa de banho. Faz almôndegas que parecem bolos brigadeiros. Deixa a luz acesa antes de ir trabalhar. Passa a vida a jogar xadrez no computador. Todas as vezes que faz desporto vem coxo para casa. Bebe um copo e fica logo bêbedo. Parte loiça. Bebe dois litros de leite por dia. Usa sapatos de vela. Chora quando vê os outros chorarem. Vomita entre o metro e a plataforma. Acorda dez minutos antes da hora que é suposto começar a trabalhar. Tem calças até às axilas...
Mesmo assim gosto muito deles!

sexta-feira, março 27, 2009

Chino fotografo

Já foi há algum tempo, mas não poderia deixar de escrever sobre uma das experiências que mais me fez rir. Daquele riso que não conseguimos conter. Aquele riso que tinhamos na infância. Aquele riso que irrita as outras pessoas. Aquele riso de nada e de tudo.
Numa tarde de sexta feira, eu e a sara fomos tirar fotografias para fazer o passe (ou abono). Sabiamos que havia uma loja de fotografias na rua perpendicular à nossa e dirigimo-nos até lá com a certeza de que fariam milagres, e sairiamos optimamente nas fotografias. Assim que entro na loja vejo que o empregado é um chinês. Não sendo racista, nem nada que se pareça, mas um chinês a tirar fotos?! Nunca tinha visto... Mas pensei "Os chineses são aqueles seres que em todas as viagens turisticas tiram cinquenta vezes mais fotos que as outras pessoas, por isso devem ter bastante experiência." Completamente enganadinha...! A primeira a usufruir da experiência profissional do chinês foi a sara. O senhor, sempre com ar muito sério, pediu que se sentasse na cadeira em frente, e qual não é o meu espanto quando se agacha, flete os joelhos a trinta graus, pega numa máquina fotográfica semelhante à que eu tenho em casa, espicha o rabo e mete a máquina em frente da cara. Não aguentei... Comecei-me a rir que nem uma louca. Não conseguia sequer olhar para o homem. Até me vinham as lágrimas aos olhos. A sara, mais contida, teria sido mais feliz se não estivesse na loja. Mal me viu a rir, começou a rir também que nem uma louca. E como se ainda não bastasse as figuras que o chinês estava a fazer decidiu falar... "É a primeira vez que tira uma foto?"... Bem a cada frase que saia daquela boca parece que ainda me fazia rir mais... "Abra os olhos!!"... Um chinês a dizer para abrir os olhos... Nunca visto... Ele ia à rua, bufava, e voltava novamente, e nós continuávamos a rir. Eu virada de costas, e à quinta tentativa, a sara lá conseguiu tirar uma fotografia, que hoje em dia evita mostrar! Quando foi a minha vez, o pior já tinha passado, e consegui à segunda tentativa tirar uma fotografia. Sim, porque como achava que o chinês não estava irritado o suficiente, disse-lhe que não queria a primeira foto porque estava com o cabelo quase nos olhos. Dentro do possível não ficou muito mal, embora a gaja que nos vendeu o passe me tenha cortado quase a cabeça.

segunda-feira, março 23, 2009

É bom voltar a casa. Rever as pessoas que me fazem falta. Contar as histórias que é impossível à distância. Falar a mesma lingua em qualquer lugar. Saborear a comida da mamã. Dormir numa cama grande sem bater constantemente na parede. Não ter de me preocupar com as lides domésticas. Apanhar sol e ver o mar. Jogar futebol na praia.
Adorei, mas ao fim de dois dias já queria voltar. As rotinas são as mesmas. Os móveis não mudaram nem um centimetro. Mas sem dúvida este já não é o meu espaço.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Salvador

Dobrei a esquina do passado e procurei um disfarce,
Alojei-me na tinta de um livro vazio,
Pensei no cerrar das portas e no último resquício de luz.
Respirei a densa neblina
E troquei os sentidos.
Calando o monólogo,
Abafando os rumores do coração,
Renascerá um presente vago de delirio.
Dou até quatro voltas na fechadura da porta. Chamo o elevador e entro rápido para não ter que ouvir o aviso sonoro quando a porta está mais de 5 segundos aberta. Chego à entrada e cumprimento o porteiro que lava o prédio e continua antipático como sempre. Vejo as pessoas a correrem para o autocarro e para o metro. Mulheres que caminham com crianças carregadas com mochilas. Vejo as horas na paragem de autocarros. Atravesso as ruas sempre da mesma maneira, sempre do mesmo lado. Oiço o barulho irritante dos sinais verdes que avisam as pessoas de que já é permitido pisar as riscas brancas. Chego à Velázquez e vejo as horas na paragem do autocarro. "Estou dentro do tempo". Passo pelo casal de namorados em que a gaja é bisgolha. Quando estou mais atrasada já não os encontro. Chego ao número 46 e o elevador está sempre no 6º andar. Toco à campainha da empresa e abre-me a porta a Nerea. Sou quase sempre a primeira do escritório a chegar por isso tiro a chaves e abro a porta. Acendo a luz, aumento o volume da rádio, tiro os telemóveis, baton do cieiro, lenços e óculos da mala e vou encher a garrafa de água. Ligo o computador e vejo os mails. Chega a Patricia e limpa o escritório e com a falta de jeito dela desarruma tudo.
Pode-se dizer que apenas isto faz parte de uma rotina diária. Tudo o resto é novo e diferente.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Ir de tapas. Salir de copas. Plaza Cibeles. N8. "Pués que nada". "Pués que sí". "Hombre!". "Conho". "Joder". "Chicas calientes (=spice girls)". "Perrito caliente (=hot dog)". "Pedras rolantes (= Rolling Stones)". Ibiza. Retiro. El Tigre. Sala Sol. Vips. "Hola... hasta luego". Kiss fm. Churros. Consomé. Solomillo. "Cartoni". "Manuela Ferrera Leche". "Enborrachado". CBR. "Estou lixado com vocês". Apêndice. Sapatos com berloques e camisa cor de rosa. "Es lo siguiente". "Fofinha". Low Club. "Tienes fuego?". Abusados, abusados. Cañas. Patatas bravas. Revueltos. Jamon. Croquetas. Ensaladas. À la plancha.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Adorei! Adorei! Adorei! Até me deu vontade de casar!

Os primeiros a chegar!

O simbolismo das velas
Depois de duas horas no cabeleireiro...

As bolas de sabão que substituiram os irritantes bagos de arroz

O porquinho e a nossa carrinha

Tenho a certeza que vão ser muito felizes! :D

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

"Tu DNI no sirve para nada!"

Parece que alguns espanhóis ainda conseguem ser mais estúpidos que alguns portugueses. Então não é que para comprar determinados artigos que precises de identificação (cartão telemóvel, internet) recusam-se a aceitar o bilhete de identidade português porque não serve para nada?! E ainda vêm exigir o passaporte?! Hello!!!.... Eu não preciso de ter passaporte para viajar para Espanha!... E hoje ainda soube de uma história insólita: uma rapariga foi a um centro de saúde com o cartão europeu, mas não o aceitaram porque disseram que Portugal não fazia parte da Comunidade Europeia...!! Digam-me como isto é possível!!....

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Oporto

Não sei os seus nomes. Eram dois rapazes na faixa etária dos 20, com pele morena e muito simpáticos. Ou talvez fosse que naquela altura qualquer sorriso e gesto de boa vontade teria para mim uma dimensão maior. Diria que não eram espanhóis, mas sul-americanos. Um deles creio que teria outras orientações sexuais. Ficou todo contente quando lhe dei um boneco que me tinha sido oferecido no Happy Meal para que ele levasse ao seu sobrinho. Naquele período de tempo cuidaram de mim. Ajudavam-me a procurar casa na Internet, aconselhavam-me as zonas mais “guay” e ligavam às pessoas conhecidas para averiguarem se sabiam de algum piso. Ofereciam-me gomas e rebuçados. Sorriam e cumprimentavam-me sempre que eu entrava ou saía. Ajudavam-me a encontrar no mapa as ruas de que estava à procura e ensinavam-me algumas palavras em espanhol. Um dia bateram à porta indignados, prontos a arrombá-la, quando, ao inicio da manhã, não tinha respondido a duas tentativas. Ajudavam-me a carregar as malas, que pareciam a cada dia mais pesadas, enquanto chamavam os táxis. Sem eles, aqueles cinco dias teriam sido muito mais difíceis.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Trabalhar?!

Como podem perceber o meu trabalho é muito stressante. Até tempo tenho para escrever no blog, actualizar-me com as noticias de espanha e de portugal, ou até mesmo dormir um bocadinho.
Aquilo que está no meu plano de estágio eu já bem conheço. Trabalhei nisso durante cerca de nove meses: elaborar e implementar um plano de marketing no canal da Internet. Por um lado é bom porque é algo que eu gosto e no qual tenho experiência (o meu chefe não percebe nada disto por isso acredito que qualquer coisa que eu lhe diga está bem), mas por outro lado é mais do mesmo, não vou aprender nada de novo. Mas como nada é perfeito e pesando os dois lados acho que vou gostar. O bom também é que só se fala e só se escreve em espanhol, por isso vou melhorando o meu espanhol.
A empresa é pequenita, tem aqui nos escritórios sete pessoas, sendo que estão a contratar mais pessoas, e depois o restante pessoal são empresas que estão aqui a trabalhar nos escritórios que nós alugamos. Fica muita bem situada, bem perto do metro, e num dos bairros de Madrid que eu mais gosto: Salamanca. As pessoas são simpáticas e o chefe é um porreiro: foi-me buscar ao aeroporto, ajudou-me a carregar as malas, foi-me pagar o almoço quando cheguei à cidade e ainda me pagou um pequeno-almoço um dia destes. Ah e a melhor parte é que está cá nos escritórios poucas vezes! A minha orientadora de estágio é assim daquelas pessoas que gosta de guardar tudo para ela e não gosta de passar nada, mas com o tempo dou-lhe a volta. E também só trabalha até às 13h30 (é sócia, é só quando lhe apetece), por isso dá-me descanso à tarde.
Aqui não se está no trabalho mais de 40 horas semanais o que é uma chatice, pelo que às sextas às 15h00 dou de frosques. E também o bom é que estou num escritorio (nada de open spaces) com aquecimento central, telefone, com vista para a rua, e apenas com a minha colega do Inov. Acho que daqui a pouco tempo começamos a elaborar uns planos para irmos dormindo à vez. lol

sábado, janeiro 24, 2009

Restaurantes e afins

Como ainda não tenho casa, tenho comido sempre fora em restaurantes e cafés ,consoante o que me apetece e o preço que estou disposta a pagar. Só hoje comi algo tradicional: uma paella valenciana num restaurante/café onde era a única que estava a jantar (o resto estava a beber café ou a comer gelado). A senhora que me atendeu, tinha ar de ser da América Latina (como é natural por aqui, tal como é normal ver brasileiros a trabalhar em restaurantes/cafés/cadeias de fast food em Portugal) era muito simpática. Como a comida demorou, deve ter olhado para a minha cara de fome, e trouxe-me umas batatas fritas dos pacotes num pires para ir comendo enquanto esperava (e não paguei por isso!). No final é que pronto, ainda estava a comer, e já ela me trazia a conta... sem lha ter pedido...será que achava que eu com este corpo e aquela pratada de paella já não comia mais nada?! Pena estar tão cheia porque senão experimentava pedir uma sobremesa, a ver o que ela fazia!
Por falar em conta, uma vez também aconteceu uma boa... fui beber um chocolate quente e um croassaint a um café porque queria ir ao wc...e quando paguei a mulher veio buscar o dinheiro e disse "gracias". E eu pensei "mas a gaja está parva... ainda tenho a receber troco". Ela foi levar o dinheiro para o balcão e foi atender outras pessoas muito descansada e eu pensei "queres ver que ela me ficou mesmo com o troco?!". Estava prestes a chamá-la para ver se me dava o dinheiro, quando ela mo trouxe.
Também há a destacar a vez em que fui ao Frescos com a intenção de comer algo saudável, uma salada ou assim. Então peguei num prato, pus para lá comidinha saudável e fui para pagar um menu salada quando a gaja me diz que "solo verde". E eu para mim "só coisas verdes? mas eu nem aprecio alface!... Olha caga... agora como o menu completo". Mas afinal o que a mulher queria dizer é que tinha de ser lá nuns pratos com a borda verde... Enfim! Agora depois de encher o prato não ia tirar tudo!
Mas para mim a melhor cena foi num restaurante a que fui que tinha um menu de primeiro prato, segundo prato, sobremesa e bebida por 8,9€. Aí vou eu toda contente, que ia comer bem e barato. Do primeiro prato a única coisa que percebi foi a lasanha (a senhora ainda me tentou explicar o que era uma sopa que segundo percebi era caldo mas sem carne, bem não sei), e do segundo pedi pizza porque também era a única coisa que percebia (tenho de estudar melhor os alimentos em espanhol!). Mas eram 12h45, e tinha uma visita de uma casa às 13h (apesar de ser a 2min dali) e só tinha comido 1/4 da pizza. Pensei... "Ora, ninguém me conhece, passo por parva porque sou estrangeira, vamos experimentar". E então chamei a senhora e disse que estava com muita pressa porque tinha de ir visitar uma casa e se ela me podia guardar o resto da comida, eu pagava já e depois vinha cá acabar o menu. Que figuras, pensava eu. Mas a mulher não estranhou, riu-se, e quando lá cheguei 20 minutos depois, foi-me levar o resto da pizza. Ainda fez uma piadinha no fim "Já terminou mesmo ou quer que lhe guarde?"! lol
Cheguei há cerca de uma semana a Madrid e se tivesse de contar tudo o que se passou nestes ultimos dias, provavelmente preencheria um livro. Desde o primeiro dia em que a má disposição me fez passar algumas figuras, principalmente em frente ao meu chefe. Às conversas telefónicas no skype e aos consequentes envios de mensagens quando as pessoas não percebiam o meu email. Às visitas a casas com proprietários que atendiam o telefone "si preciosa" e que diziam que quartos de 7 metros quadrados eram "un amplio dormitorio"; ou com o Pierre, que me fez esperar 20 minutos em jejum em frente à Fnac e que depois me deu uma seca de politica, economia e arquitectura que começou no Starbucks. Às vinte vezes por dia em que perguntava na rua "hola, me puede decir donde es la calle ...". À dificuldade em compreender os menus do Frescos. Ao nigeriano na casa da Patricia que passeava descalço e que não gostava de nada a não ser a sua musica nigeriana. À Veneta, ou lá será como ela se chama, que aprendeu depressa o bom calão português. Ao gajo do taxi que disse que eu era uma pessoa muito forte. À senhora do restaurante que me guardou a comida no prato enquanto fui visitar uma casa. À drogada nas escadas do hostal. Aos últimos quatro dias.
Neste momento continuo à procura da casa ideal, embora receie que ela possa não existir. O tempo escasseia e segunda já começo a trabalhar. Preciso de tirar a roupa da mala e começar a comer comida decente, não só fast foods.
"Eu sabia que haviam de me surpreender como o fazem sempre. Eu sabia quem estava na lista e quem não estava. Eu sabia que por mais voltas que desse à minha cabeça nunca iria adivinhar. Eu sabia que todos os atrasos e fugas a meio do jantar serviriam para a terminar. Eu sei que tenho muita sorte em ter os amigos que tenho, e que se sou a pessoa que sou hoje é graças a eles. Vos adoro. (Estão a ver como não chorei na despedida!...:p)"
17/01/2009

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Dois Mundos

"Relembro muitas vezes o jejum da Primavera.
Esforço-me para reencontrar os passos que ficaram ao virar da esquina e para recuperar a sombra que deixei a boiar nas lembranças.
Consigo reter os movimentos sem direcção mas não os suspiros ensurdecedores.
Temo que a corda queime e que não possa alguma vez lá voltar,
Estremeço quando o tempo corre demasiado depressa e a fissura me separa mais,
Mas se tiver de cair, cairei.
Se não o fizer, não saberei o que é cair."
26/12/2008

"Parecia-me ver os dois mundos de dedos entrelaçados e sorrisos radiantes.
Corri... cega de uma promessa de paz, sem medos, sem olhar para trás.
Mas a fissura que outrora tinha sentido continuava ali no mesmo sítio e eu deslumbrada não a vi. Ainda tentei saltar, mas a distância era grande.
Acabei por cair. Algum dia tinha de ser."
05/01/2009

O talento... Um nome... Lebasi

Decidi colocar aqui as prendas que nós, lebasi, temos feito ao longo dos tempos, na esperança de que alguém importante do mundo da organização de eventos e de prendas originais veja isto e ponha mão neste talento nato! Vou actualizando, porque há fotos que não tenho ainda.


Prenda Lena, Julho 2008


Prenda Zu, Outubro 2008

Prenda Cassy, Janeiro 2008

Prenda Ana, Junho 2008

Prenda João, Fevereiro 2008

Prenda Brasileiro, Junho 2007

Prenda Nuno, Fevereiro 2008

Prenda Marta, Março 2008

A estas prendas acrescentam ainda os filmes:
Filme Zu, Outubro 2007
Filme Ana, Junho 2007
Filme Nuno, Março 2007
Filme Lena, Julho 2007
Filme Gri, Abril 2008
Filme Brasileiro, Junho 2008

domingo, janeiro 04, 2009

A entrada em 2009 foi...

...Comemorada passados 2min ou 10min (ninguém se consegue entender quanto aos minutos)
...Curta porque grande parte das pessoas "morreu" cedo dada a quantidade de álcool em tão pouco tempo
...A choradeira quase total (o que o álcool faz!)
...Bem regada por uma quantidade de álcool inigualável; uma sangria com quase ou nenhuma gasosa, canela, cachaça e vodka da mais barata do supermercado; limoncello com trinta e tal por cento de álcool; wiskies; moscatéis; etc.
...Escorregadia porque muitas foram as pessoas que ficaram com os pés no ar, e não estavam a fazer o pino
...Falada em muitas linguas: moçambicano, inglês, italiano, espanhol, português, grego, alentejano
...Suportada pelos melhores filmes de sempre: "fashion adviser", "olá eu sou a Lúcia Piloto e eu sou a Liliana Campos", "please insert your secret code", "palabra secreta", "esgotou as tres tentativas, se ha acabado", "por favor lúcia piloto faz alguma coisa por mim", "estes caracóis são naturais, isto é artificial", "tem um pénis pequeno. Ela vai colocar uns aborrachados do chão", "ó touro! grrrrr....", "casamento com cassy; lua-de-mel em cuba a dançar castanholas, comer camarões e beber cachaça; mas depois vem o conguito", "C de marecos", "e é da malta!", "já não bebo há quinze dias e estou a gostar imenso", "bílis, fígado, iscas", "cabelo pantene caracóis", "before... after", "fashion advise", "quero que a senhora me torne fabulosa", "tem falhas na barba".

Agradeço a todos a animação sempre constante e ao gurosan que salvou a vida de muita gente!!

Promessas para 2009: não deixar o Pedru fazer sangria; diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas; apagar todos os registos de kisomba de pcs e derivados.

Re-descoberta

Sinto que voltei a ser eu. As minhas tatuagens lunáticas nunca estiveram tão visíveis, mesmo por baixo da roupa. Deixei de as esconder. As...