domingo, janeiro 13, 2008

Foi-se

O fantasma desapareceu. Voltou a transformar-se em sombras. Redescobriu uma nova vida e eu permiti. Continuo a escutar os seus passos mas já não tento controlar o incontrolável. Já não me esforço para o ver porque ele não se esforça para se tornar visível. Já não o condeno. Já não o procuro. Há muito tempo que ele deixou de me assustar, mas eu continuava à espera que me assustasse. Virou-se assim uma página. O que ocorreu foi apenas o prefácio. O prefácio de um livro que está escrito nas minhas mãos.

Primeiras impressoes do mundo do trabalho

Encontrei um lugar que tinha sido costurado com as minhas medidas: informal, na área de estratégia e com bons acessos. Depois de uma experiência de quatro dias numa pequena empresa de consultoria que só respirava programas informáticos, entrei nos finais de Outubro para o mundo do trabalho. Por coincidência, a zu também ia trabalhar comigo. Podia deixar de lado as botinhas e os sapatinhos que me magoam os pés, bem como a calça clássica que me delineia tudo aquilo que tento esconder com as calças de ganga. Passados quase três meses, ainda me custa ouvir o som do despertador e pensar que não o posso adiar e faltar à primeira aula, porque tenho trabalho à minha espera. As chefes são simpáticas. Contudo, por vezes sinto que faço trabalho de secretária e que não estou presente nas decisões mais importantes. Que algumas decisões são tomadas sem sequer passar pelo meu conhecimento. Decisões com as quais não concordo. Quanto aos colegas…haviam algumas caras conhecidas. No geral, simpáticos. Tenho a consciência que se comenta sobre tudo e sobre todos, e que, apesar de por vezes sentir que sou transparente e que se ficar vários dias sem aparecer, ninguém dá pela minha falta, fico algo incomodada com os risos que advêm das conversas por Skype. Os “bom dia”, “boa tarde”, “até amanhã”, é algo que descobri ser difícil para algumas pessoas de pronunciar. Aparte dos problemas de socialização, perdi os três meses de férias e as saídas a meio da semana, mas a carteira começou a ficar mais recheada, apesar de o Estado me retirar 4% em imposto todos os meses.

Re-descoberta

Sinto que voltei a ser eu. As minhas tatuagens lunáticas nunca estiveram tão visíveis, mesmo por baixo da roupa. Deixei de as esconder. As...