sexta-feira, novembro 15, 2013

Primeira escolha

Espero sempre tudo das pessoas. Espero sempre que me possam dar tudo aquilo que eu lhes dou. Ou mais ainda. Dizem que espero demais das pessoas. Talvez seja verdade, mas como formato o meu cérebro para esperar menos? Como garanto que não vou ficar triste se não for a primeira escolha de alguém especial?
Sinto como se caminhasse manca. E caminho mesmo.
Não sou boa a reagir. Se estou envolta num momento de pânico sou a primeira a gritar. Se num momento de stress sou a primeira a suar. Se num momento de ansiedade sou a primeira a tremer. Há factos comprovados de que o meu cérebro pára nesses momentos. Isola-se e depois volta novamente ao lugar. Hoje foi um desses momentos. O meu cérebro parou durante alguns segundos e não consegui ter reacção. É tudo muito rápido e não dá para prever quando voltarei a ter cérebro novamente.

quinta-feira, novembro 07, 2013

Insanity

Cada um de nós já teve o seu momento de loucura. Eu, na verdade, já tive muitos. Aqueles momentos que escondo e que raramente consigo partilhar, aqueles que nunca consigo explicar as razões, os que nem passados mil anos fazem qualquer sentido. No entanto, naquela altura da vida fez, fazia.
Hoje, num dos repetidos passeios pelas ruas de Lisboa, encontrei um homem que cumprimentava toda e qualquer pessoa, que proferia frases que eu não conseguia perceber e que ria sozinho provocando um eco onde só vingava ele e o som dos automóveis e autocarros a passar na avenida. Pensei "o que é preciso para chegar a tal estado de loucura?". "Ele seguramente era uma pessoa normal, como chegou até aqui?". "Qual a probabilidade de eu ficar assim?". Pouco, algo aconteceu, alta. 

"Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem".

segunda-feira, setembro 09, 2013

"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. "


Valerá a pena nascer, crescer, amadurecer? Valerá a pena os sacrifícios, os desgostos, as noites mal passadas? Valerá a pena conhecermos, envolvermo-nos e darmos oportunidades? Valerá a pena cometermos erros e aprendermos com eles? Valerá a pena rir e chorar? Valerá a pena os estudos, o trabalho, o dinheiro? Tudo isto só vale a pena quando amamos e somos amados. 

Re-descoberta

Sinto que voltei a ser eu. As minhas tatuagens lunáticas nunca estiveram tão visíveis, mesmo por baixo da roupa. Deixei de as esconder. As...